A indústria têxtil é uma das mais antigas e importantes em Portugal, tendo desempenhado um papel fundamental na economia do país durante séculos. No entanto, esta indústria tem sofrido alterações significativas nas últimas décadas, impulsionadas pelas crescentes preocupações ambientais e pela necessidade de desenvolver práticas de produção mais sustentáveis.
Neste contexto, a economia circular surge como uma alternativa promissora ao modelo linear tradicional de “produzir, usar e descartar”. A economia circular propõe um sistema regenerativo no qual os recursos são mantidos em uso pelo maior tempo possível, extraindo o máximo valor deles enquanto estão em uso e recuperando e regenerando produtos e materiais no final de cada ciclo de vida útil.
Portugal tem vários exemplos notáveis de empresas têxteis que abraçaram o conceito da economia circular. Muitas delas têm investido na implementação de estratégias que visam reduzir os resíduos gerados durante o processo de produção e reutilizar ou reciclar os materiais sempre que possível.
Um exemplo emblemático é a empresa Tintex Textiles, com sede no Norte do país. Em 2011, esta empresa introduziu a primeira geração de tecidos naturalmente coloridos com base num processo inovador chamado DyeCoo. Este processo utiliza dióxido de carbono supercrítico para tingir tecidos sem o uso de água ou produtos químicos tóxicos. Além disso, a Tintex também desenvolveu uma nova geração de tecidos feitos a partir de algodão reciclado e poliéster reciclado proveniente de garrafas PET.
Outra empresa portuguesa que tem adotado a economia circular é a LaGofra. Esta empresa tem se especializado na produção de sacos reutilizáveis feitos de tecidos reciclados e biodegradáveis. A LaGofra também implementou um sistema de coleta para os seus produtos no final do ciclo de vida, garantindo que podem ser adequadamente reciclados.
A ASM Industries é mais um exemplo de uma empresa portuguesa que tem investido em práticas circulares. Esta empresa desenvolveu uma forma inovadora de produzir fibra têxtil a partir de resíduos plásticos recolhidos dos oceanos. Este processo não só ajuda a reduzir a quantidade de plástico nos oceanos, mas também fornece uma nova fonte sustentável de matéria-prima para a indústria têxtil.
Estes exemplos ilustram as diversas maneiras pelas quais as empresas têxteis em Portugal estão abordando o conceito da economia circular. No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito. Para acelerar a transição para uma economia circular na indústria têxtil, serão necessários esforços coordenados envolvendo políticas governamentais favoráveis, financiamento para pesquisa e desenvolvimento, educação e sensibilização do público e colaboração entre diferentes partes interessadas da indústria.
Em suma, embora haja desafios significativos à frente, há também muitas oportunidades para inovação e liderança nesta área. Com o compromisso contínuo das empresas, dos decisores políticos e do público em geral, Portugal tem o potencial de se tornar um líder mundial na implementação da economia circular na indústria têxtil.
Deixe um comentário